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solidão

Solidão e relações virtuais

Esses dias assisti a um vídeo sobre solidão e lembrei-me de algumas conversas que tenho tido ultimamente sobre isso. Talvez seja o momento, talvez esteja prestando mais atenção nos últimos tempos. Ou estaria eu, também sentido-me sozinha?

Acredito que sozinhos todos nós somos. Cada um vive a sua humanidade de maneira muito particular. Ninguém pode viver a minha vida, ou conhecer a minha experiência. Ela é minha, somente minha. Quem dera alguém pudesse viver algumas coisas por nós, não? Sofrimentos, cansaços, dificuldades do dia… poderíamos ficar só com a parte boa da existência, alguns momentos de felicidade e diversão.

Pena que são poucos, não? Seria essa uma questão? Estaríamos nós fugindo dos problemas da vida, e, assim, fugindo da vida por inteiro? Afinal, ou levamos o pacote inteiro ou não levamos nada. Não existe vida sem problemas, não existe vida sem confronto.

A vida virtual em princípio parece facilitar as coisas. Delete. Pronto. Você não tem que dizer que não gostou, não tem que se preocupar com o que a outra pessoa irá dizer, não tem que se preocupar com os sentimentos do outro. A única coisa que tem que se preocupar é em selecionar bem aquilo que você coloca na rede. Pois, no fim das contas, você está “montando a sua personalidade” para que todos a vejam.

Não há nada demais nisso. Fazemos isso também na vida real. Quando conhecemos alguém geralmente mostramos um de nós mesmos, nunca nos mostramos totalmente. Não sei nem se sabemos completamente quem somos.

O problema é quando o avatar começa a ter mais vida do que nós mesmos, quando nossas vidas começam a se basear mais no digital do que no real.

As relações pessoais nos dão sentido, estar com outros é o que me faz ser humano, perceber o outro é o que me faz ter empatia, me faz capaz de pensar que outra pessoa é pessoa como eu, que sente, sofre, fica alegre, se decepciona. A falta de proximidade dessas relações virtuais nos resfriam de alguma maneira. As notícias parecem mais distantes, são para ser curtidas, se forem legais para minha “personalidade on-line”.

Perdemos a oportunidade que os sentimentos e anseios gerados pelo contato pessoal nos dá para o autoconhecimento.

Cada vez mais estamos nos afundando no mundo da técnica e da mundaneidade, sem subir para respirar. Cada vez mais nos aprofundamos em não aprofundar, em ficar na superfície de tudo, em passar pela vida.

Estamos ficando cada vez mais virtuais. Ficam-me algumas perguntas: O que fazemos com aquilo que o mundo virtual não supre? O que fazemos com a falta de contato pessoal? O que fazemos com a falta do outro? O que fazemos com o vazio que fica? Não seria essa uma forma de solidão? E, qual seria o custo de sermos mais virtuais do que reais? Valeria a pena?

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