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sustentabilidade

Sustentabilidade Emocional

Outro dia estava ouvindo uma aula do John Mayer, músico compositor americano, desses moderninhos, pop, daqueles que pela capa você supõe que alguém escreva as musicas para ele, e, aquela carinha angelical é apenas emprestada para o sucesso. Entretanto, ele realmente é autor de seus acordes e das palavras que acompanham maravilhosamente o ritmo de suas músicas, além disso, o garoto ainda é inteligente.

Ele dizia, aos estudantes de Berkelee, que a informação sem a inspiração de nada nos serve, você até consegue fazer uma música com as informações, mas ela fica automática, sem vida. Já a musica com inspiração você consegue senti-la em cada parte de seu corpo, se identifica com ela.

Eu, com minha cabeça sempre rodando, logo associei a presente questão com inúmeras situações de nossas vidas.

Antes de tudo, o que significa identificar-se com algo? Quando nos identificamos, com músicas, com livros, com pinturas e qualquer outra forma de expressão humana, quer dizer que aquilo com o que nos identificamos faz parte de nós de alguma maneira, diz de alguma parte em nós já existente, muitas vezes encoberta, seja pela correria da vida ou simplesmente porque nunca nos preocupamos em olhar para ela.

Inspiração seria, portanto, dizer de algo inerente a nós, seres humanos, mas que muitas vezes fica encoberto, inspiração seria questionar-se, incomodar-se consigo mesmo, ou, mais conhecido por nós psicólogos, como: sentir angústia. “At some time your inside is going to say: “get down here” (Em algum momento seu íntimo irá lhe dizer: “desça até aqui”) John Mayer.

Partindo desses dois princípios, informação e inspiração, podemos pensar em um novo conceito, que alguns ouvem falar, pouquíssimos sabem o que significa, entretanto, convoca a todos nós: sustentabilidade emocional.

A palavra sustentabilidade vem de “sustentável”, por sua vez derivado de “sustentar”, do latim Sustinere que significa aguentar, apoiar. Sustinere deriva de Sub– “abaixo”, mais Tenere, “segurar”, “agarrar”. O sufixo –dade da palavra sustentabilidade provém do latim –Itas, formador de substantivos abstratos derivados de adjetivos. Emocional, também deriva do latim “mover, mudar, agitar”, formado por Ex, “fora”, mais Movere, “mudar, mudar de lugar”. Como poderíamos então formular este conceito de sustentabilidade emocional?

Poderíamos começar a dizer daquilo que não é, sustentabilidade emocional não significa estabilidade emocional, não significa sentir sempre a mesma coisa ou ter completo controle daquilo que se sente, não significa a ausência de instabilidade. Diferente do que nos dizem nossos valores societários do controle da ciência, as emoções simplesmente acontecem, somos afetados pelo mundo, independente de nossa voluntariedade, a forma como lidamos com essas afetações é que são diferentes de uma pessoa para outra. “Sustentado” já carrega em si um prazo de validade, não há nada no universo que apresente sustentação perpétua.

Olhando para nossa constituição como seres humanos, em um tempo pós-moderno intensivo, em que cada momento é pleno de inúmeras possibilidades, somos, inerentemente, seres de imanência, e não permanência. Poderíamos dizer então que sustentabilidade emocional seria acompanhar os altos e baixos da vida, com todas as emoções que estes altos e baixos possam trazer, considerando o processo de imanência que é a vida em si, com todas as instabilidades contidas em sua configuração.

Sustentabilidade emocional seria um modo de existir “nômade”, em que experienciamos a vida. Entendo que a palavra experienciar soe um tanto quanto estranho aos ouvidos, mas não há maneira melhor de expressar a plenitude da vivência presente do que um gerúndio, é na ligação implícita simultânea entre o que é sentido, compreendido e articulado que é construído um significado, e significado é aquilo que deixa marcas, tatua nossos momentos de vida, nos construindo como seres humanos.

Esse existir nômade, em que conseguimos ter mais momentos plenos, afirmando o momento presente, urgindo um significado também faz parte da sustentabilidade emocional.

Outra parte deste conceito afirma sobre o cuidado consigo mesmo, ou seja, inclinar-se em direção a si mesmo, como muitas vezes fazemos com os desafios do trabalho, com os papéis a serem resolvidos, com a meta a ser alcançada, e cuidar de qualidades essenciais àquilo que hoje chamamos qualidade de vida, como controle de ansiedade, integração entre trabalho e vida, desenvolvimento de inteligência emocional, expressão de sentimentos de maneira assertiva, “sentir” aquilo que fala (coerência), consciência de si e dos outros, reconhecer seus talentos pessoais e saber alinhá-los com as metas profissionais, agir com congruência e viver ubuntu (para quem não conhece essa é uma palavra africana que significa “eu sou você, você sou eu”, ou seja, o reconhecimento da coexistência.

Eis aqui muitas informações, espero que algumas destas convoquem algumas pessoas, sirvam de inspiração, para a integração de ambas em uma ação ativa afirmativa da sustentabilidade emocional de cada um.

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