Ricardo Boechat chama a atenção para a depressão
Renato Russo já dizia que o mal do século é a solidão. Adianto que não apenas a solidão, mas a ansiedade, as paranoias, o pânico e os transtornos de autoimagem poderiam facilmente entrar para essa lista.
A declaração de Ricardo Boechat de que teve um colapso devido a um surto depressivo agudo espantou a muitos, provavelmente por vir de uma figura pública conhecida.
Entretanto, essas “panes” do sistema nervoso são cada vez mais comuns, pois o estado de alerta constante em que vivemos, as ameaças e cobranças cada vez mais árduas de nossa vida cotidiana suprimem nossa existência ao extremo.
Em pesquisa recente da Universidade da Califórnia e associadas, pesquisadores definem que pessoas que perseguem a felicidade em culturas individualistas como a nossa, tendem a ter resultados negativos, resultando em estados depressivos, sentimento de solidão e pior prospectivo em relação a distúrbios maiores de alteração de humor. Diferente de pessoas que buscam a felicidade e estão inseridas em culturas mais coletivas, como a cultura oriental.
Essa importante e interessante diferença se dá não pela busca da felicidade em si, mas pelo que buscamos como felicidade. Há a tendência, em culturas orientais, a buscar e definir a felicidade em termos de engajamento social, com outros, tornando-se parte de um todo.
O mesmo não acontece nas culturas ocidentais, mais individuais, como a cultura norte-americana e a brasileira.
Essa perspectiva de felicidade enquanto engajamento social pode ser a chave para menos “panes”.
De acordo com o estudo, alcançar a felicidade, e, portanto, menos estresse e menor probabilidade de “efeitos colaterais” como depressão e ansiedade, pode não estar associado ao quanto você a procura, mas ao quanto você se orienta ao bem de algo maior que você mesmo, alimentando sentimentos de generosidade e gratidão, aumentando a sensação de bem-estar.
Não podemos nos iludir de que “os males” do século simplesmente desaparecerão se começarmos a fazer trabalho voluntário, mas pesquisas mostram, concretamente, que se sentir parte ativa de um todo pode efetivamente contribuir para uma melhor saúde psíquica e para o tratamento dos transtornos mencionados no artigo.
Para aqueles que quiserem saber mais sobre o tema de felicidade e cultura, segue o link da pesquisa:
http://eerlab.berkeley.edu/pdf/papers/Ford_etal_inpress_JEPG.pdf
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