O poder de contar e ouvir histórias
A vida, a todo momento, nos coloca diante de situações que podem nos causar sofrimentos ou alegrias.
Em nós e à nossa volta estão disponíveis diversas possibilidades de percepção, algumas nos arrebatam mais que outras e, por vezes, tendemos a nos apegar àquelas que nos fazem sofrer.
Prolongamos em nós uma experiência que, em situação concreta, já teve seu fim.
O sofrimento pode ser tão esmagador que não temos forças, e preferimos “deixar para lá”.
Stan Grof diz que nunca paramos uma experiência emocional, mas podemos pausá-la.
Assim, carregamos fantasmas, que também pausam nosso desenvolvimento enquanto seres humanos.
Nesse momento é importante nos abrir para uma sabedoria antiga, que pode nos movimentar na vida: ouvir histórias.
Contar e ouvir histórias é, em várias culturas, considerado algo sagrado.
Os mitos nos movem, abrem lugar para a passagem daquilo que, sozinhos, não conseguimos carregar.
Podemos ouvir histórias, contar histórias ou vivenciar movimentos que contêm nossas histórias.
Nosso corpo carrega em si espaços vazios, espaços preenchidos e espaços escondidos.
Suportados pelo olhar do outro, seja em terapia ou em grupo, podemos organizar as experiências para que estas encontrem um caminho em nós.
Cada vez que, com aceitação daquilo que vivemos ou do que outros possam viver, experienciamos em nosso corpo e organizamos em palavras a nossa experiência, abrimos caminhos para a transformação de nós mesmos.
Isso acontece porque ativamos o que a neurociência chama de ressonância límbica, neurônios-espelho e neuroplasticidade.
A ressonância límbica é a teoria de que nossa capacidade de compartilhar emoções profundas surge no sistema límbico, e a química de nosso cérebro e nosso sistema nervoso são afetados por aquelas pessoas mais próximas de nós.
Estudos nesta área demonstram que podemos abrir novos mapas neurais, alterando a estrutura emocional de uma pessoa através do espelhamento.
Ao abrirmos nossa escuta de maneira contemplativa, respeitosa e compassiva, abrimos a possibilidade para nossos sistema límbico se reestruturar.
Nossos neurônios-espelho entram em ação e sincronizam-se com a experiência do outro.
A repetição dessas experiências permite o estabelecimento deste novo mapa, graças a neuroplasticidade.
Grupos de meditação, oficinas terapêuticas, constelações familiares, grupos de movimento, entre outros, podem nos ajudar a desenvolver nossa capacidade de resiliência e movimentar nosso desenvolvimento enquanto seres humanos.
Eles nos abrem para desenvolver novas percepções e construir novas realidades de nós mesmos, e para que possamos desfrutar aquilo que de melhor que a vida tem a nos oferecer.
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