Luto
Luto, um momento que nenhum de nós gostaria de enfrentar.
Infelizmente não temos controles sobre acontecimentos da vida e, por vezes, somos arrebatados pelo inesperado.
A dor da perda é indizível, como uma areia movediça que nos puxa para a paralisia e nos debatemos, brigamos com a vida, como se ela fosse culpada pelos caminhos naturais da existência. Podemos desistir de nos movimentar novamente no mundo.
Quando tentamos nos recuperar da perda de alguém importante em nossas vidas, por vezes tentamos sufocar o luto, deixar a dor de lado.
A vontade de não sentir a dor é compreensível.
O medo de ser tomado por tamanha intensidade assusta. Entretanto evitar a dor e tentar afastá-la pode dificultar ainda mais se movimentar da paralisia ocasionada neste momento.
O restabelecimento do movimento da vida geralmente é seguido de amadurecimento.
Quando tentamos negar nossos sentimentos e resistir a eles é comum que a raiva apareça. Muitas vezes nos sentimos implicados na morte da pessoa e nos sentimos culpados, por vezes de maneira irracional, achando que poderíamos ter feito alguma coisa para alterar o curso do destino, ou envergonhados por não termos feito esforços suficientes.
A dor emocional é intensa, até o momento em que enfrentamos a realidade e, inevitavelmente, assumimos a dor em nós.
Ao aceitarmos e reconhecermos a dor, por pior que seja, podemos abrir passagem em nós mesmos para o começo de uma conciliação com a vida.
Podemos chorar, nos sentir magoados. Afinal, somos forçados a passar por um processo natural e nos separar de uma ligação emocional intensa, seja com uma pessoa, um lugar, uma atividade, um objeto ou uma ideia.
Segundo a filosofia budista, se nos sentamos com nossa dor e perda, apenas percebendo e admitindo que elas estão lá, como se nos sentássemos na beira de um rio observando estes sentimentos correr, descobriremos como voltar ao movimento, à vida e aprender com a experiência.
Os sentimentos que brotam quando nos deixamos desacelerar do ritmo cotidiano e acessar nossas sensações corporais podem ser intensos. A terapia pode ser o lugar de testemunho e suporte no processo de redescobrimento de si mesmo durante a experiência do luto.
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