Êxtase
Estar em êxtase é se encontrar transportado para fora de si e do mundo sensível.
Este estado pode ser gerado por uma exaltação mística ou por sentimentos muito intensos de alegria, prazer, admiração ou temor reverente, entre outros.
A palavra êxtase vem do grego ékstasis, que significa deslocamento, movimento para fora.
Ir além de si mesmo, sair da própria cotidianidade e zona de conforto para que algo novo possa aparecer e emergir.
Algumas pessoas descrevem esse estado como “não eu”, em que nossas autocríticas desaparecem.
E porque gostamos tanto disso? Por que precisamos desconectar de uma parte de nós mesmos para nos descobrir?
Nós somos seres de relação, fazemo-nos nas relações que estabelecemos com o mundo.
Somos biosferas contidas em biosferas e contendo outras biosferas.
Ao desconectarmos desta sensação de “eu”, abrimos espaço para perceber nossa conexão com o mundo.
Podemos perceber nossos micro movimentos e, ao mesmo tempo, formar um espaço, em nós, de assimilação e troca.
A respiração tem aspectos locais e gerais.
Ela nos mantém em pé, nos alimenta e nos coloca em contato com o fora, com aquilo que é maior do que nós, que vai além. Respirar é extasiar.
Vamos além e acima daquilo que nos mantém presos e nos dá medo. Tornamo-nos um.
O ritmo dos nossos diafragmas (para a psicologia formativa, além do diafragma torácico temos mais oito locais com funções diafragmáticas no corpo) organiza o funcionamento dos nossos órgãos e de nossas células, chegando a nossas moléculas.
O microcosmo de nossas biosferas particulares se altera.
A reverberação dessa mudança afeta as outras biosferas nas quais estamos inseridos, dando início a uma cadeia de alterações infinitas.
Microcosmos e macrocosmos integrados, um jogo entre local e geral.
Aldous Huxley disse que quando as portas de nossas percepções fossem limpas, tudo nos apareceria como realmente é, infinito.
Estar um pouquinho fora de nós mesmos nos permite encontrar o infinito dentro e fora de nós: o espaço infinito em nossos átomos e moléculas, o espaço infinito da respiração.
Entretanto, sabemos que toda mudança é desconfortável.
Criamos padrões de relação com o mundo que nos aprisionam, mas são conhecidos e, muitas vezes, nos mantiveram em segurança e foram responsáveis por nossa sobrevivência neste mundo durante muito tempo.
É preciso ser sensato. Olhar para os padrões e formas que já não nos servem mais, para as roupas que queremos jogar fora e só mantemos no armário porque os outros acham bonito, para os sorrisos que colocamos porque temos que agradar.
Talvez se não nos agarrarmos a essas respirações curtas e sem vida, possamos abrir espaço para o novo.
Nossos medos, por vezes, podem engolir nossas vidas, paralisar nossa capacidade de agir no mundo. Precisamos no mover para além do medo, nos extasiar.
Meditação, terapia e práticas integrativas são meios para nos conhecermos e nos tornarmos capazes de soltar as cintas que nos prendem, aprendendo a respirar e nos “inspirando” com alimento para nosso crescimento.
Write a Comment