Epigenética
Herdamos traços de nossas famílias de diferentes formas, não apenas na codificação genética.
Uma afinidade por música brasileira pode ser uma influência social de seus pais, assim como tomar chá antes de dormir.
Hábitos e experiências de vida podem ser passados para nós.
Experimentos recentes nos mostram que experiências boas e ruins (como traumas de guerra) podem alterar o modo como nossos genes são expressos, e essa alteração é passada para a geração posterior.
A herança epigenética sugere que nossos hábitos como fumar, fazer exercícios, tipo de alimentação e stress podem impactar gerações futuras.
Fatores ambientais modificam nossos genes enviando sinais para nosso DNA que os liga e desliga.
Essas instruções também são passadas de uma geração para outra.
O estudo do Centre for Genomic Regulation mostrou que os estados alterados de expressão genética podem ser transmitidos por até cinco gerações.
Ben Lehner, um dos principais autores do estudo, diz que não é bem uma herança, pois com cada geração as chances dessas mudanças passarem adiante diminuem.
Então seria uma herança com chances altas de erro.
Em 2015 uma pesquisa realizada pela equipe do hospital Mount Sinai de New York observou como o trauma sofrido por sobreviventes do Holocausto poderia ou não ser passado para seus filhos.
Após análise dos genes dos filhos de homens e mulheres que ficaram nos campos de concentração e foram torturados, encontraram evidências de mutações genéticas associadas a regulação do hormônio de stress nas crianças.
Aparentemente esta alteração é epigenética.
Ainda assim, a ideia de que esses tipos de mudança são passadas de uma geração para outra é controversa e as evidências não são sólidas.
Segundo Lehner, a principal questão não é “se” essas informações são transmitidas, mas “quanto” de informação é transmitido de uma geração para outra.
Em plantas essa é uma questão bem estudada.
Alterações no ambiente produzem alterações de adaptabilidade que são passadas de uma geração para outra.
Descobrir se o mesmo acontece conosco poderia ter grande impacto em nossa saúde.
Nossa dieta pode interferir nos genes de nossos filhos, ou podemos ter herdado hábitos de nossas famílias que não percebemos e interferem diariamente em nossas vidas e na maneira como nos relacionamos com o mundo e com outras pessoas.
Ainda temos mais perguntas do que respostas a esse respeito.
Entretanto, sabemos que a conscientização de nós mesmos (por meio de terapia, constelação familiar, meditação, movimento, etc.) pode abrir possibilidades para que nossos movimentos automáticos herdados se façam claros para nós mesmos, para que possamos intervir nesses processos e abrir outras possibilidades.
Write a Comment