Crianças e abuso
Nas últimas semanas eventos relacionados às causas femininas tomaram muita força e na internet tivemos a campanha do Think Olga, #meuprimeiroassedio.
Este movimento gigantesco de mulheres que por meio de tweets compartilharam histórias do primeiro assédio vivido mostrou que a voz da pedofilia, como no caso do Master Chef Junior é uma realidade de milhares de meninas brasileiras.
Diante deste grito das mulheres por suas próprias vidas, nessa busca por liberdade e por uma sociedade ética, li um texto no site Hypescience (“Educação Infantil: não obrigue seu filho a beijar ou abraçar a vovó”) que me fez refletir sobre como podemos repensar algo aparentemente “inocente”, mas que nós mesmos podemos acabar reproduzindo com as crianças.
A educação infantil é sempre muito polêmica e as opiniões são muito variadas, mas acho que podemos ajudar as crianças a tomarem posse do próprio corpo.
Os pais precisam lembrar que não são donos dos filhos e que estes podem escolher se querem trocar afeição física com outras pessoas. Isto serve tanto para meninos quanto para meninas
Um exemplo: é comum os pais obrigarem os filhos a beijarem e abraçarem parentes, amigos, entre outras pessoas, forçando uma situação que pode ser muito desconfortável para a criança.
Desta forma mostramos que seus corpos realmente não pertencem a elas, pois têm que deixar seus sentimentos de lado para nos agradar. Isso é muito sério!
Como disse Jennifer Lehr, “A mensagem que fica para a criança é que o estado emocional de outra pessoa é sua responsabilidade, e que ela deve sacrificar seus próprios sentimentos para satisfazer o desejo de amor ou afeto de outra pessoa”.
Acredito que quanto mais cedo a criança aprender que ela tem escolha, que ninguém é dono do seu corpo, mais cedo irá aprender a ter posse de si mesma e responsabilidade pelo seu corpo.
Podemos ensinar que não existe problema em dizer não para um adulto e quem sabe prevenir futuros abusos.
Uma grande parte dos casos de abuso sexual envolve familiares ou pessoas próximas e se as obrigarmos a trocar afeição física, elas podem facilmente interpretar que precisam se submeter e aceitar toques inapropriados.
Não é por isso que não devemos ensinar nossos filhos a serem cordiais, educados, mas sem a obrigação de afeto físico. Ensina-los a ser bem-criados é diferente do que tomar posse de seus corpos
Por exemplo: você pode dar opções para seu filho na hora de cumprimentar alguém. Ele pode escolher fazer um oi com a mão, pode apertar a mão de alguém, pode beijar ou abraçar.
O melhor é sempre conversar antes e explicar por quê é importante interagir com determinadas pessoas, pois isso é muito diferente de uma ordem direta e vazia.
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