Compaixão
Compaixão: ouvir com o coração, em um mundo cada vez mais egoísta.
Compaixão é uma habilidade cada vez mais valorizada e transformadora, contribuindo para grandes mudanças.
Sim, consideramos compaixão uma habilidade. Isso significa que pode ser aprendida e treinada.
A compaixão é constantemente confundida com empatia. Entretanto, existem diferenças fundamentais entre as duas habilidades.
A empatia, segundo pesquisadores, é uma resposta visceral ou emocional ao que outras pessoas sentem, enquanto a compaixão é uma resposta emocional quando se percebe sofrimento e um desejo autêntico de ajudar, e com frequência envolve empatia e altruísmo.
Uma nova visão do outro
A compaixão envolve desenvolver uma perspectiva completamente diferente sobre como percebemos o outro, e provavelmente teve papel fundamental em nossa sobrevivência enquanto espécie por seus benefícios em todos os âmbitos de nossa saúde.
Stephanie Brown e Sara Konrath mostraram que se conectar com o mundo de maneira significativa acelera a recuperação de doenças e contribui para o aumento da expectativa de vida.
Estudos de imagem cerebral conduzidos por Jordan Grafman do National Institute of Health mostraram que partes do cérebro ligadas ao prazer são igualmente ativadas quando observamos alguém doando dinheiro para caridade ou recebendo dinheiro.
Uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia avaliou os níveis de inflamação celular (em grande parte responsável por câncer e outras doenças e geralmente encontrada em pessoas com altos níveis de stress) em pessoas que se descreviam “muito felizes”.
O nível de inflamação celular era baixo apenas em algumas pessoas: aquelas que descreviam ter uma vida com propósito ou significado.
Uma vida de significado e propósito pode ser definida como aquela em que o foco é satisfazer outras pessoas tanto quanto a si mesmo.
A compaixão desempenha papel importante contra stress e a favor de nosso bem-estar, pois amplia nossa percepção para além de nós mesmos.
Pesquisas mostram que depressão e ansiedade têm ligação com um estado de atenção focado em si mesmo e com a preocupação consigo mesmo.
Quando o foco de atenção é alterado para outros, o estado de humor também é alterado.
O coração “pensa”
Fisiologicamente, devemos essas qualidades de compaixão ao coração.
Recentemente o coração passou a ser estudado como parte do sistema nervoso, por conter células com funções neuronais.
O sistema neuronal tem características eletrolíticas (transferem informações por meio de correntes elétricas).
As células do coração são descritas tradicionalmente como miócitos. Eles incorporam também as capacidades das células neuronais. Eles representam um mini sistema neuronal e contém todas as funções elementares do sistema nervoso central e periférico.
Novas descobertas mostram que nosso coração é um órgão inteligente e que, por vezes, pode conduzir o cérebro em nossas interpretações sobre o mundo e nossas decisões sobre ações.
O neurologista Andrew Amour descobriu uma coleção sofisticada de neurônios no coração, organizadas nesse complexo sistema nervoso e que contém por volta de 40.000 neurônios.
Pesquisas mostram que nossas memórias e sentimentos são processos sensoriais distribuídos nesse sistema neuronal integrado entre cérebro e coração.
Diante de tantos estudos sobre os efeitos positivos de estar em sintonia com o mundo, em compaixão e em sintonia com a percepção de nosso coração, talvez seja tempo de parar e pensar se estamos mais conectados às percepções sensoriais de visão e audição, ou se conseguimos nos abrir para nossas percepções deste outro órgão sensorial capaz de captar o mundo sob outra perspectiva.
Leia também o belo texto do Dalai Lama sobre a função do amor e da compaixão clicando aqui.
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