Autoestima
O tema “autoestima” virou moda. Obrigatório na seção se autoajuda de qualquer livraria, está presente em toda a parte e comporta tudo.
Autoestima parece uma palavra mágica. Nas buscas do Google aparecem nos anúncios de profissionais que tratam depressão, que fazem hipnose, em tarólogos, astrólogos, entre outros. Trazem consigo a promessa de elevar a autoestima do pretenso cliente mediante alguns passos.
Apesar disso, estudos e pesquisas neste campo estão apresentando um refinamento cada vez maior.
Existe um consenso de que a percepção que a pessoa tem de si mesma é o autoconceito, já a autoestima é a percepção que tem do seu próprio valor.
O autoconceito procede de processos cognitivos e está sujeito a uma série de fatores externos e internos à própria pessoa. São informações, fruto de opiniões alheias, que colhemos a nosso respeito e que formam, possivelmente, seus primeiros rudimentos.
As avaliações que nós próprios fazemos dos nossos desempenhos, das nossas ações, das nossas habilidades e características pessoais vão se somando a essas informações. Assim, vai ganhando corpo aquilo que achamos que somos, tanto do ponto de vista físico, quanto social e psicológico.
A autoestima, o sentimento de valor que acompanha essa percepção, revela-se como a disposição que temos para nos ver como pessoas merecedoras de respeito e capazes de enfrentar as intempéries da vida.
É por meio das relações da criança com as pessoas à sua volta que isso vai sendo estabelecido, primeiro por meio da linguagem não verbal e depois também pela linguagem propriamente dita. No primeiro caso, por exemplo, estão as reações de alegria ou de aborrecimento que seus atos provocam nos outros, o grau de solicitude com que seus desejos e suas necessidades são satisfeitos e até mesmo o jeito que a pegam no colo. No segundo caso, é tudo aquilo que é verbalizado a seu respeito.
Crianças pequenas vão recebendo aplausos, incentivos, zangas e repressões. Ouvem que são boazinhas, bobinhas e por meio disso vão se constituindo.
Após certo período de tempo e com a repetição desses padrões, aquilo que surgiu como um processo interpessoal começa a ser incorporado à própria estrutura psíquica da criança, tornando-se pessoal.
Cada criança traz as marcas da sua individualidade e a internalização se faz de acordo com tais marcas.
Não podemos nos esquecer de que a construção da identidade é uma construção social e histórica, mediada pelos mais diferentes tipos de linguagem e está sujeita a uma imensa gama de interpretações e reações. É exatamente isso que impede tratar a questão do autoconceito e da autoestima de forma linear.
Sabemos que a principal motivação da criança pequena é obter amor e aprovação dos pais ou das pessoas que ela considera importantes.
Os pais devem portanto cultivar empatia em relação à busca de identidade dos filhos, precisam estar atentos à necessidade de permanecer solidários com seus movimentos de avanços e recuos e nas tentativas que fazem de se conhecer e se autoafirmar.
Elos saudáveis construídos entre pais e filhos são fundamentais para ajudar estes últimos a conquistar uma identidade viável, consistente e apta a enfrentar a vida, o que é difícil.
O fato de a criança conseguir sentir que o que ela faz dá prazer a seus pais permite que se sinta importante por se auto reconhecer como fonte de prazer. Essa aprovação tem a função de incentivo para a formação de um eu diferenciado dos demais.
Isso nos leva a constatar o que na verdade quase todos sabemos: a importância dos pais, de outros que exerçam essa função e outros significantes como pessoas importantes para a criança, para a formação de seu autoconceito e de sua autoestima.
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