2016, o ano do Autêntico
Ano que começa, momento de vida nova, promessas novas, momento de começar. Entretanto, há de se perguntar que planos são esses. Seriam eles planos intrínsecos ou planos “feitos por outros”? O que é realmente autêntico em meio a tudo isso?
A verdade é que muitas de nossas aspirações não nos pertencem, foram expectativas criadas por outras pessoas ou por nossa própria cultura.
Frequentemente nos deparamos com esse tipo de discurso, algo parece fora do lugar. Aquilo que a pessoa fala parece distante dela mesma, quase de forma robótica.
Esse distanciamento geralmente é provocado por falta de apropriação daquilo que está sendo dito, seja em planejamentos e promessas para vida, seja quando se fala de valores e ideologias.
É fácil reconhecer em outros um discurso inautêntico, aquele que “não passa confiança”. Difícil é reconhecê-lo em nós mesmos.
Vivendo em um mundo líquido, em que tudo passa muito rápido, nos apegamos em discursos prontos, ideologias irrefletidas.
Passamos por um momento histórico conturbado, em que, aparentemente, a reflexão foi esquecida, ficou impotente diante de posições radicalistas vazias.
Em maior ou menor escala, nos apegamos a discursos de padrões, como ter que ser magro, ter que ser rico, ter que fazer coisas de determinada maneira em detrimento de outras, ter que tomar suco detox, ter que ser rato de academia, ter que pensar de um jeito ou de outro, ter que ter profissão “y” ou profissão “x”, etc.
Formamos em nós mesmos corpos que não nos pertencem, uma dura camada de “parecer ser” algo que nem sabemos se somos ou não. Distanciamo-nos daquilo que seria autêntico.
A linha entre autenticidade e inautenticidade é tênue. Ser autêntico pressupõe conhecer a si mesmo, saber de si e conseguir gerenciar pressões externas.
Segundo a filosofia, é entrar em acordo com o mundo externo, em um mundo material com pressões e influências que podem diferenciar entre si, mas colocando ideias de forma clara, não se deixando corromper em seus valores, é também entrar em contato com a angústia, via de acesso ao “si-mesmo”.
Nesse sentido, angustiar-se não é algo ruim, traz a abertura para outras possibilidades de existir, de se expressar a partir de si mesmo e ocupar seus lugares no mundo sem nos preocuparmos tanto com nossa imagem diante dos outros.
Importante destacar que autenticidade não quer dizer se colocar à parte do mundo. Ao contrário, nos conhecer é reconhecer que somos mundo, só podemos ser em relação.
Ser autêntico também é reconhecer ter uma gama de sentimentos e estar disponível para essas relações.
Assim, nessa dança da vida, em nosso engajamento com nós mesmos e com as descobertas de nossas possibilidades, podemos nos permitir promessas e decisões mais próprias, sem tantas interferências externas, sem nos apegarmos a tantas bóias, permitindo conhecer a capacidade de nossos próprios braços e pernas para nadarmos na travessia da vida.
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