A era das próteses cerebrais
Tempos modernos.
A tecnologia há muito faz parte de nossa cotidianidade e, cada vez mais, os novos gadgets ficam naturalizados em nossa vida.
Uma nova startup chamada Kernel tem por objetivo lançar no mercado próteses cerebrais para ajudar pessoas com problemas de memória.
Se a empresa for bem sucedida em sua missão, cirurgiões poderão implantar o pequeno dispositivo no hipocampo, onde os eletrodos estimularão alguns neurônios para ajudá-los a transformar as informações absorvidas do mundo que nos cerca em memórias de longo prazo.
As pesquisas são lideradas por Ted Berger, diretor do Centro de Engenharia neural da University of Southern California.
Testes já foram realizados em ratos e outros animais. No momento os pesquisadores estão testando o equipamento em seres humanos.
Impulsionar nossa memória pode ser o primeiro passo para a singularidade, a hipótese de que a invenção de uma superinteligência artificial será o gatilho para um crescimento tecnológico abrupto e que resultará em uma superconsciência e mudanças que não conseguimos nem imaginar.
Entretanto, ainda existem inúmeras perguntas sobre o funcionamento de nosso cérebro que não foram respondidas.
Apenas sobre memória podemos questionar se existe um código único que pode ser decifrado por um dispositivo.
Hoje, implantes já são usados em uma técnica chamada Deep Brain Stimulation (DBS) para tratamento de pacientes com mal de Parkinson, depressão e outras desordens neuropsicológicas.
O neurologista Dr. David Eagleman, outro pesquisador do campo do uso da tecnologia como uma forma de expandir nossas percepções, tem utilizado tecnologia para auxiliar a inclusão de pessoas com deficiência auditiva ou visual.
Ele diz que também poderemos usar a tecnologia para expandir a nossa janela de percepção da realidade, pois enquanto seres humanos, não somos bons entendedores de coisas muito pequenas, como partículas atômicas, nem de coisas muito grandes como o cosmos.
Percebemos o mundo em uma faixa intermediária de estímulos e construímos nossa realidade nesta faixa de percepção.
Ao implantar tecnologia não apenas em nossa vida cotidiana, mas em nossa biologia, poderemos expandir nossas percepções para além de um espectro mediano, transformando os paradigmas de nossa existência e alterando completamente nossa experiência humana.
Cada vez mais percebemos como as ciências andam de mãos dadas, as especializações não podem mais trabalhar sozinhas e devem se integrar para ampliar a compreensão do ser humano, de suas relações e de como os ambientes e a qualidade dessas relações nos afetam, nos anseiam, nos deprimem, etc.
Assim, a psicologia, através desta contextualização, pode abrir novas possibilidades de existência e de compreensão deste desdobramento de nós mesmos nessas novas camadas de percepção.
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