O transtorno bipolar é identificado por períodos de humor elevado intercalados com períodos de humor depressivo.
Nossa história abrange nossa humanidade, filamento familiar, genética pessoal e contextos socioculturais.
Tudo isso encontra-se enraizada em nossa anatomia e em nossos movimentos na vida.
Somos a relação concomitante existente entre dentro e fora, separados por uma fina membrana (a pele), membrana líquida e viva que permite essa relação ser um.
Lançados no mundo, vivemos contraditoriamente entre movimentos de expansão e retração, mobilidade e estabilidade, amor e ódio, etc…
Somos puxados e empurrados pela vida, puxamos e empurramos, usamos nossos músculos para nos proteger, tonificamo-nos para afastar e nos esquecemos de apoiar nossos ossos.
Nesse jogo de empurra e puxa, nesses espaços que formamos, a vida acontece.
Entretanto, por vezes, há um ruído na comunicação desta relação. Não reconhecemos em nós mesmos nosso corpo. Este tem reações desconhecidas, inesperadas e não é confiável.
Passa-se a viver no eterno susto das reações inesperadas e intensas. São os transtornos ou desordens.
Transtorno bipolar: uma desorganização do ser
Em uma vida super exigida, espremida e sem cuidados com o humano ou com as relações de afeto, é valorizada a expansão exacerbada de produção, de lucros, de horas trabalhadas e de consumo.
Ao mesmo tempo, são menosprezados os limites necessários para o crescimento e maturidade.
Nesse contexto, o transtorno bipolar é apenas mais uma de tantas desorganizações encontradas em nossa sociedade.
Na desorganização do contexto os corpos também se desorganizam. Todo movimento precede suporte. Para que possamos andar, primeiro precisamos apoiar nossos pés no chão. Os movimentos geram sensações e são a base para a consciência.
Quando pulamos etapas de desenvolvimento, o movimento e nossa organização (corporal, social e mental) ficam prejudicados, saímos do prumo, produzimos doença.
O transtorno bipolar seria uma dessas desorganizações. Não há consciência do suporte, da estrutura do próprio esqueleto, para que possa se desenvolver controle motor lento e voluntário, autorregulado, formador de identidade e do senso de si mesmo.
No transtorno bipolar, os movimentos são quase como descargas elétricas involuntárias, inflamando a pessoa e desconstituindo-a de si mesma.
Identificando o transtorno bipolar
Para caracterizar o transtorno bipolar, os períodos de humor, tanto elevado (mania), quanto depressivo, devem ser significativos.
Durante o período de mania a pessoa se sente ou age excessivamente feliz, energética ou irritada. Geralmente tomam decisões sem pensar nas consequências de seus atos e a necessidade de sono fica reduzida.
O período depressivo pode ser caracterizado por negatividade diante da vida, pouco contato (inclusive olhar as pessoas nos olhos) e tristeza excessiva.
O risco de suicídio em quem sofre da patologia é maior do que na população que não sofre do transtorno, além de ser aumentada a incidência de autoflagelação. Ansiedade e abuso de substâncias podem estar associadas ao transtorno bipolar.
Causas
Como na maioria dos transtornos mentais, as causas para o transtorno bipolar não são claramente identificadas, e comumente se diz que fatores genéticos e ambientais estão associados.
Biologicamente a pessoa pode ter uma predisposição para a doença, mas ela pode ser desencadeada nesta relação que vivemos com o mundo.
Não é de se espantar que a incidência do transtorno tem sido cada vez maior, dadas as circunstâncias contextuais que nos encontramos enquanto humanidade.
Tratamento
Na maior parte dos casos o transtorno bipolar tem tratamento medicamentoso associado a psicoterapia.
Os medicamentos contribuem para o regulamento químico do sistema.
A psicoterapia, por sua vez, pode contribuir para o autoconhecimento, a autorregulação e o desenvolvimento de um suporte para uma relação mais saudável e funcional com a vida.