Todos nós podemos ser um pouco obsessivos, supersticiosos ou ter algumas manias.
Possuímos também uma tendência a temer coisas desagradáveis, tentar corrigir erros e evitá-los.
Esses mecanismos funcionam como forma de nos organizar melhor e de prevenir problemas.
Portanto, é importante termos essas características funcionando de maneira adequada, na intensidade e na frequência corretas.
Quando esse circuito passa a funcionar de forma muito intensa, gera pensamentos e comportamentos repetitivos, que nos trazem sofrimento e nos fazem perder horas de nosso dia, acarretando prejuízos na realização das atividades diárias.
O exagero de pensamentos ou comportamentos repetitivos configura o transtorno obsessivo compulsivo (TOC).
Os erros cometidos, em especial aqueles que tomam a forma de gafes sociais, se tornam motivo de ruminação mental.
Essas situações podem trazer ideias desencadeadoras de grande ansiedade e produtoras de atitudes compulsivas (comportamentos repetitivos).
Estas últimas oferecem alívio momentâneo, mas resultam no aprisionamento, num círculo vicioso que tende a se cristalizar com o tempo, resultando em uma vida limitada, impeditiva, com prejuízos no trabalho, na vida afetiva e nos relacionamentos sociais.
Além da ansiedade, outros traços relacionados ao transtorno obsessivo compulsivo são o perfeccionismo, o desejo de ter tudo sob controle e um senso exagerado de responsabilidade e de dever.
É verdade que, de forma geral, gostamos de fazer as coisas bem feitas, assim como valorizamos os outros pelo que eles fazem muito bem.
No entanto, fazer tudo bem o tempo todo e em qualquer área da nossa vida é uma tarefa impossível e que ultrapassa a capacidade humana de resposta a todas as situações que necessitam da nossa atenção.
Para não adoecermos, precisamos entender, aceitar e respeitar os nossos limites.
Infelizmente, grande parte das pessoas que vivenciam os sintomas do transtorno obsessivo compulsivo sofre sozinha, e isso geralmente acontece por insegurança e vergonha.
É importante ressaltar que, seja qual for o motivo, esconder os sintomas não é um bom caminho.
Quanto mais se adia o tratamento, mais grave fica a doença.
Os tratamentos medicamentoso e psicoterápico são complementares.
A psicoterapia contribui para que os portadores de TOC mudem suas ideias distorcidas em relação aos acontecimentos, ao ambiente e à vida em geral, e revejam seus comportamentos repetitivos.