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Maturidade

Todos nós nos deparamos a todo momento com nossos processos formativos.

Quando nos olhamos no espelho somos confrontados com nós mesmos, com as impermanências da vida.

Em determinadas idades percebemos a cada dia e, muitas vezes em cada tarefa, a proximidade da morte.

Enquanto sociedade, preocupamo-nos com o desenvolvimento intelectual e financeiro, mas voltamos pouco nossa atenção para o desenvolvimento emocional e pessoal.

Os processos involuntários alteram nossas estruturas anatômicas continuamente e nos preparam para o próximo passo do desenvolvimento, enquanto nossos movimentos voluntários abrem a possibilidade de intervenção sobre nossa própria forma somática, constituindo ou não uma presença neste corpo anatômico.

 

O processo de amadurecimento de nosso corpo é um continuum universal, um processo dado, inato: nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos.

Em nosso processo contínuo de formação carregamos memórias de corpos que se formaram em estágios anteriores da vida.

Cada etapa forma um corpo distinto, com memórias, sentimentos, necessidades, ações, modos de se relacionar e de ocupar o mundo próprios.

maturidade
O amadurecimento exige trabalho para além da maturação biológica, e é uma tarefa complexa que demanda autoconhecimento; uma espécie de intimidade consigo mesmo.

 

O aprofundamento e a diferenciação de nossas experiências internas constroem sentidos pessoais, um jeito diferente de estar de corpo presente nas relações com o mundo.

 

Infelizmente rejeitamos a maturidade por confundi-la com os declínios físicos da maturação.

Apavoramo-nos com a fantasia de que envelhecer é doloroso, humilhante e perdemos controle. Controle que nunca realmente esteve em nosso poder.

Quando aprendemos a influenciar nossas próprias formas e nos presentificar podemos transformar a maturidade em um processo de empoderamento.

Nosso autogerenciamento reorganiza nosso modo de ser no mundo. Construímos uma realidade pessoal e podemos fazer novos movimentos, novas experiências e novas memórias, aprofundando nossa existência, ao invés de sermos levados pela vida.

Esses processos voluntários são importantes em todas as fases da vida, mas se fazem condição indispensável na terceira idade.

 

Alguns sinais da maturidade são a maleabilidade, a inclusividade e uma maior receptividade aos outros.

O corpo fica mais macio e com menos tônus muscular. O tempo de reação fica também mais lento, e talvez por isso a maturidade também traga a possibilidade de aproveitar mais as experiências, fluir nas correntes da vida.

Ao aprendermos a corporificar nossas experiências e estar realmente presentes em nossas vidas, essa ideia de maturidade como um processo unidirecional decadente é desafiada.

Podemos experimentar uma existência presentificada e nosso corpo como um organismo pulsante.

Segundo Stanley Keleman:

Amadurecer é nos formar voluntariamente, se sentir empoderados e otimistas, viver uma vida enriquecida por muitas camadas de existência pessoal e apropriada para nossa idade e fornecer o presente de se autoformar para outros.

A terapia oferece um lugar para a aprendizagem desta formação voluntária, um lugar em que o amadurecimento pode brotar e as angústias que acompanham as perdas de qualquer estágio de um mundo antes conhecido possam ser endereçadas para possibilitar a constituição de um envelhecimento como uma dádiva, um presente de aprofundamento de todos os estágios da vida.

 

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