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Divórcio e os filhos

Ultimamente tenho acompanhado alguns casos de divórcio e sabemos como esta situação fica ainda mais difícil quando se tem filhos.

Todos da família serão afetados e aparecem muitas dúvidas a respeito de como proceder com os filhos: “O que falar?”, “Como falar?”, “Eles necessariamente terão problemas psicológicos porque nos separamos?”, “Como cuidar para que passem por este momento da melhor forma possível?”, enfim, “Como colocar em prática uma separação de forma cuidada?”.

Em primeiro lugar acho importante encarar este momento como uma situação da vida, em que os dramas atravessados provocarão fortes emoções que deixarão marcas. Mas a vida é feita dessas marcas e é inevitável não passarmos por diversas situações de sofrimento, perdas, doença, morte, acidentes, entre tantas outras.

Portanto, não necessariamente filhos de pais separados, por terem sofrido com isso, estão fadados a ter mais problemas que os outros. Encarar este momento com naturalidade pode ajudar os filhos a compreender que situações adversas na vida se apresentam para que possamos aprender a lidar com mudanças.

Tanto pais quanto filhos podem perceber a situação como um momento para aprenderem a ser resilientes na vida. Em nossa cultura que preza tanto a busca da felicidade a qualquer custo, as pessoas se esquecem de que o sofrimento faz parte da natureza humana.

Uma pessoa se desenvolve de forma saudável passando por frustrações, ansiedades, medo, angústia, dor, e cada um aprende a administrar isso de um jeito diferente. Por isso são importantes o durante e o depois de cada uma das situações dramáticas que vivemos. Para que os filhos consigam ficar bem após a separação é preciso que tenham tido suporte, amparo e orientação a esse respeito.

Como também é um momento de forte sofrimento para o casal, é comum não conseguirem apoiar outras pessoas, no caso, os próprios filhos. A dor que vivenciam é enorme, ficam tomados pelas emoções, não conseguem cuidar e despejam seu próprio sofrimento sobre as crianças. Brigam, discutem na frente delas, acabam usando-as para machucarem um ao outro e fazem deste um processo traumático.

É possível fazer diferente. Para colocar em prática uma separação, podemos pensar em algumas atitudes básicas importantes:

  • É preciso deixar claro que a separação será do casal e transmitir aos filhos que os dois deixarão de ser marido e esposa, mas não pai e mãe.
  • Que o amor que sentem pelo filho não depende de nenhuma condição para existir, é incondicional.
  • Esse amor existe morando ou não na mesma casa, estando ao não juntos todos os dias.
  • Nunca tentar “destruir” o outro, tirar seu valor.

Os filhos devem ser protegidos destas opiniões e da raiva, mágoa e ressentimento que muitas vezes estão presentes nestas situações. ­ É importante criar uma nova rotina e deixar claro para os filhos o combinado.

Em uma relação não existe certo ou errado e todos têm o direito de não quererem mais conviver juntos, de optarem por uma separação.

Uma pessoa que está se separando não está abandonando os filhos. A rotina de todos poderá ser modificada e não necessariamente será menos saudável. É muito pior uma criança crescer com pais que não desejam estar juntos ou em um ambiente estressante cheio de brigas, do que aprender a conviver com pais divorciados.

Jamais se pode faltar com a verdade. Tudo o que for dito deve ter esta premissa. Mesmo filhos pequenos devem saber que o casal esta se separando. Isto precisa ser dito. Não falar não evita o sofrimento, como muitos pais acreditam, mas apenas faz com que as crianças vivam uma situação sofrida sem saber nomeá-la, o que pode causar fantasias terríveis e desesperadoras.

A causa da separação não deve ser priorizada. Os filhos não precisam saber de todos os detalhes, pois as intimidades de um casal também devem ser respeitadas e não lhes dizem respeito. Um bom modo de respeitar as emoções deles e saber o que falar é responder até onde perguntarem. Esse é um bom cuidado para que não seja colocado para eles mais do que podem suportar.

Os cuidados acima podem permitir que, independentemente da idade, os filhos tenham condições para enfrentar a mudança que inevitavelmente o divórcio dos pais pode causar, lembrando que eles também precisam de tempo para elaborar seus sentimentos e isso precisa ser respeitado.

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