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Desempenho e contra-desempenho

Aquele que se predispõe a praticar qualquer esporte (e “praticar a vida” de maneira geral) está sujeito a duas faces da mesma moeda: desempenho e contra-desempenho.

Einstein dizia:

O único homem isento de erro é aquele que não arrisca acertar.

O contra-desempenho é uma condição inevitável e imprescindível. Entretanto é cada vez mais temido.

Esse medo muitas vezes está baseado na percepção do atleta sobre o que os outros vão achar de sua performance, ou seja, o foco deixa de ser o desempenho e alcançar um estado de flow.

O foco passa a ser algo externo ao atleta, a opinião do outro, a colocação, etc.

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O medo de não ir bem em uma competição pode ser o gatilho para aquilo que chamamos de auto-sabotagem.

 

A preocupação com a imagem ou com não desapontar outra pessoa pode aumentar o nível de ansiedade antes de prova, interferindo no risco de acertar ou errar que assumimos a cada prova.

O receio é tamanho que muitas pessoas sentem a necessidade de justificar o contra-desempenho antes mesmo da prova acontecer.

As mídias sociais parecem o lugar propício para isso, já que é o espaço que muitos usam para parecer ser aquilo que não são.

Os exageros acontecem antes e depois das provas com declarações de muito esforço, doenças, lesões, treinos pesados, como se estivessem devendo algo a alguém.

Em um artigo anterior escrevi sobre as intencionalidades da prática esportiva, o uso que podemos fazer do esporte em nossa vida emocional e nosso desenvolvimento enquanto seres humanos. Clique aqui para ler.

A preocupação com a imagem externa e com desapontar outros pode ser um sinal de outras camadas que muitas vezes não olhamos, como nossa autoestima.

Podemos ter medo de não ganhar, medo da avaliação social negativa, medo de passar vergonha, medo de não performar conforme o que treinamos e o que esperam de nós.

É importante tentar entender os diferentes aspectos de nós mesmos quando sentimos a necessidade de nos justificar para alguém ou para o mundo a respeito de nossa performance em uma atividade em que resultados, teoricamente, não são exigidos de nós (exceto atletas profissionais, que vivem do esporte).

Quando tomados pelo receio do contra-desempenho e pelo aumento da ansiedade, muitas pessoas tendem a tentar evitar erros, voltando o foco para o que não fazer e performando de maneira mais controlada.

 

O excesso de controle não diminui o medo e, ao contrário do que pensam, piora a performance.

Quando tentamos nos controlar, nosso foco de atenção não está no presente. Aumentamos a tensão muscular, desperdiçamos energia e fugimos do engajamento na ação.

Algumas coisas podem ser feitas para tentarmos não nos preocupar com a opinião dos outros:

  • Entender o porquê de se preocupar tanto com a opinião dos outros a seu respeito.
  • Parar de tentar adivinhar o que outros estão pensando a seu respeito. Fique atento para saber quando você começa a se preocupar com aquilo que pensam e tente trazer de volta o foco para o que está fazendo, seja trabalho, esporte, lavar louça, andar na rua, cantarolar… Não importa, apenas volte para o presente.
  • Saber quem você é. Ter um autoconceito bem formado nos ajuda a praticar um esporte para nós mesmos, não para outros.
  • Ter respeito consigo mesmo. Pare de procurar o respeito de outras pessoas e aprove a si mesmo.
  • Separar sua autoestima do sucesso esportivo. Entenda que você é mais que uma colocação ou tempo. A prática esportiva é um aspecto de quem você é. Ela não é o que o define. Você é, antes de tudo, uma pessoa que talvez seja um bom atleta, não um bom atleta que talvez seja uma pessoa.

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É importante lembrar que somos humanos, e como humanos, vamos errar.

Ao aceitarmos nossas imperfeições e incorporá-las, abrimos a possibilidade de nos entregar ao prazer da atividade física e a terapia pode ser o lugar de aprendizagem de outros aspectos de nós mesmos e do esporte.

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