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Das descobertas de estar submersa

Qualquer situação de nossas vidas pode trazer novas descobertas, eu acredito nisso. Tinha uma tarefa: mergulhar a quatro metros de profundidade em uma piscina, ficar lá embaixo respirando por mangueiras presas a cilindros de oxigênio, e, além disso, ficar em apneia durante determinados momentos, e quando precisasse de ar, simplesmente achava o regulador e poderia respirar normalmente.

Tinha mais um detalhe: quando vamos respirar no regulador que já está embaixo da água, primeiro é preciso soprar com força para tirar a água para, só depois, poder respirar.

Não estava sozinha nesta tarefa, tinham outras pessoas embaixo da água fazendo o mesmo que eu e uma equipe de segurança, bombeiros mergulhadores que estavam sempre atentos para nos ajudarem com oxigênio.

O mundo das águas não me é nada estranho, mas confesso que, como boa nadadora, conheço muito bem o deslocamento na superfície e a eterna possibilidade de virar a cabeça e pegar ar. Mergulhar sem os paramentos de costume, como óculos para enxergar embaixo da água, me deixou um pouco aflita de início.

Lá embaixo via outras pessoas entrando em desespero, mesmo tendo passado por um teste antes e conseguido. A diferença do teste para o real? Apenas a profundidade. O teste foi realizado a dois metros de profundidade. Entravam, ficavam pouquíssimo tempo e saíam. A pressão incomoda um pouco no início, até aprendermos a fazer a compensação.

Fiquei pensando como encaramos as situações adversas em nossas vidas. Os problemas e crises, não apenas no mercado de trabalho, são uma constante. Daniel Goleman diz que a inteligência emocional é um dos principais fatores de sucesso de pessoas bem sucedidas, a manutenção do foco de atenção é o primeiro passo para tal. O que eu, e outros que se mantiveram lá embaixo, fizemos de diferente daqueles que não conseguiram ficar lá? Qual foi a descoberta? Sei que meu passo-a-passo foi diferente dos demais, mas pode ser um caminho.

Primeiro me preparei para a situação, sabia mais ou menos o que estava por vir. Isso também acontece com alguns projetos, com crises financeiras, novos mercados, etc. É estar sempre atento para o que nos cerca. Segundo, simplesmente respirei. Poucas pessoas sabem, mas não sabemos respirar. Ficamos afobados com as pressões do dia-a-dia e hiperventilamos, isso aumenta a ansiedade e o sentimento de urgência. Terceiro, respirando controlei meus batimentos cardíacos e meus sentimentos, conseguindo manter a calma tinha noção, mesmo que muitas vezes com os olhos fechados, do que estava acontecendo em minha volta. Sabia onde os mergulhadores estavam, conseguia segurar o ar por mais tempo, pegar o regulador, olhar o lado certo, para depois respirar.

Lógico que não foi tudo mil maravilhas, há sempre imprevistos. Por vezes engoli água do regulador por pegá-lo de cabeça para baixo, ou não achei o regulador embaixo da água (lembram-se que estava sem meus inseparáveis óculos?). Nesse momento tinha duas opções: podia subir e desistir de tudo ou esperar e me comunicar com alguém da equipe, confiando que uma hora alguém iria aparecer. Afinal, era um trabalho em equipe.

Exercícios como este, de autocontrole, gerenciamento, confiança e comunicação, são cotidianos em nosso dia-a-dia nas empresas. Entretanto, nós pobremente os aproveitamos como tal e conseguimos sair dessa sem estarmos exaustos. Tendemos a dispersar nossa atenção em devaneios e desesperos inúteis, ao invés de conservarmos energia para o realmente necessário: respirar e gerenciar nossos próprios fantasmas.

Penso que não necessito alongar-me mais em infinitas associações desta simples situação com nosso mundo organizacional, deixo a cabo do leitor essa tarefa criativa. Afinal, para que mesmo estamos nesta conversa? Seria para refletir?

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