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consumismo

Consumismo

Em tempos desenfreados de necessidades por satisfações, em que o discurso de que a felicidade é sinônimo de total liberdade e acaba por produzir indivíduos abusadores e sem limites, o consumismo, ou o consumo irracional de produtos, alimentos, recursos naturais, entre outros, impera.

Admirada e fascinada pelo anúncio de que o Google fará com as propagandas de outdoors o mesmo que faz quando entramos em qualquer página na web, escolher aquelas que mais se adequam ao perfil do consumidor/transeunte que está passando pelas redondezas, me pus a pensar e a maravilhar-me com os truques que pregamos em nós mesmos.

Todos sabemos que a publicidade utiliza-se de algumas técnicas para que sejamos mais propícios a consumir certos produtos. Alguns já estão mais atentos, em determinados momentos, para esses efeitos. O que poucos sabem é que algumas técnicas utilizadas em marketing e propaganda vão além da inteligência cortical.

Nem sempre tomamos decisões conscientes ao comprar coisas. Em parte por que a maioria de nossas decisões é baseada em sentidos aos quais não estamos frequentemente atentos. Prestamos muita atenção ao que vemos, mas nos esquecemos do que cheiramos, sentimos com o tato, ouvimos.

É o que chamamos de embodied cognition, que poderíamos traduzir como cognição corporificada, ou inteligência do corpo.

Pesquisas em psicologia mostram como nossas sensações físicas, nossos sentidos, influenciam nossos comportamentos, e no caso deste artigo, o comportamento de compra.

Por exemplo, em uma pesquisa entregaram lápis com marcas para que voluntários escrevessem uma redação, e para outro grupo entregaram lápis aromatizados. Duas semanas depois, quando perguntados sobre os lápis que utilizaram, as pessoas que haviam usado o lápis aromatizado se recordavam mais facilmente do lápis.

Em relação ao tato, existe um fenômeno chamado endowment effect, ou efeito de dotação, em que as pessoas tendem a atribuir um valor maior a coisas que possuem, pelo simples fato de serem donas delas. As pesquisas sugerem que esse efeito ocorre ao simplesmente tocar um objeto, como se isso nos fizesse sentir como donos do objeto, e esse efeito vale para toques em imagens de iPads e celulares, predispondo a pessoa a pagar 1,5 a 1,8 vezes mais pelo produto.

Nossos sentidos são complexos e, ao não ficarmos atentos a eles, podemos “dar um tiro no pé” e acabar comprando produtos, alimentos e consumindo mais recursos naturais do que aqueles realmente necessários.

Assim percebemos como a máxima: “Conhece-te a ti mesmo” é importante inclusive para o controle do impulso de consumo, para mínimos limites de convivência no mundo, dando-nos bordas, limites para termos consciência e propriedade de nossas decisões.

O mínimo que se pode ter de autonomia é sobre as escolhas que fazemos em nossas compras. Tentar pensar mais em nosso corpo, em nossos sentidos, como vivenciamos as sensações que nos são eliciadas.

Independentemente do que for comprar, tenha certeza de que sua escolha passou por um processo de pensamento e análise, e que não é um escolha impulsionada por seus sentidos.

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